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A música e a banalização da arte

  • Foto do escritor: Vitor Bahia
    Vitor Bahia
  • 29 de abr.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 26 de jun.

O modo como a música é consumida sempre esteve ligado aos avanços tecnológicos de determinada época. De apenas apresentações ao vivo, em algumas sociedades limitadas à aristocracia, até discos de vinil, CDs e, por fim, serviços de streaming, todo esse processo ocorreu em paralelo às transformações tecnológicas e sociais. Com a teleinformática, não foi diferente. Por exemplo, anteriormente a música podia ser considerada, talvez, um artigo de desejo “raro”; hoje, pode ser escutada a qualquer momento por meio de serviços de streaming, o que afeta a relação do ouvinte com a produção.


No texto de Weissberg, é citado que “a teleinformática cria um meio favorável a um desajuste entre traços culturais herdados e emergentes. E falo é de traços culturais (a linearidade, a percepção panóptica, a aceleração etc.)”. A linearidade e a aceleração são dois traços culturais que estão em constante transformação na relação entre o indivíduo, a música e a teleinformática.


Álbuns musicais costumam ter um significado, uma “linha de raciocínio” traçada desde a primeira faixa até a última, construindo a identidade da obra. Muitas vezes, sua simbologia só é percebida quando a produção é ouvida de maneira linear. As plataformas digitais de música permitem que o consumidor reorganize as faixas à sua vontade e escolha a ordem em que deseja ouvi-las. Talvez isso favoreça o prazer imediato de ouvir aquilo que se quer, mas pode reduzir o valor emocional e artístico total da obra.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Ao se observar o modelo de criação e consumo de conteúdo na “Era Digital”, é perceptível que as produções encurtam cada vez mais seu tempo de duração para se adequarem às novas demandas de consumo acelerado. Atualmente, é possível notar que trechos curtos de músicas se tornam mais conhecidos do que as próprias obras completas. A apreciação do “todo” torna-se banal, pois agora é possível escolher exatamente qual parte da música se deseja ouvir.


A indústria musical, numa tentativa de se adaptar, passou a produzir canções direcionadas ao consumo rápido, com pequenos trechos sequenciais pensados para se tornarem virais, muitas vezes sem qualquer nexo com o anterior. É inevitável que ocorra uma superficialização da arte e de sua representatividade; e, sendo a arte uma manifestação humana que expressa ideias, emoções e sensações, também as ideias, emoções e sensações tendem a se tornar cada vez mais superficiais.

 
 
 

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